Imigração

Essa semana houve um caso que me tocou por aqui..um cargueiro cheio de clandestinos foi obrigado a ficar em auto-mar por 4 dias, por não receber autorização de desembarque em Malta e, posteriormente, na Itália. Clandestinos africanos, que se aventuram por barcas velhas, super afoladas e, às vezes, com pouco combustível, desembarcando no sul da Itália é algo comum. A ilhota de Lampedusa, perto da Sicília, possui um complexo gigantesco somente pra eles.

A imigração ilegal na europa é um fato, mas só nos últimos anos que se tornou um problema crescente por aqui; as consequências? italianos sempre mais desconfiados e o retorno dos antigos preconceitos (afinal, quem se lembra do facismo?), além da grande insegurança de perder o maior patrimônio deles: a conceituada cultura italiana! Ou seja, a alimentação única, a moda-grifes de luxo-artesanato exclusivo, a arquitetura e a literatura à la vanguardia, o império romano..."siamo pochi ma buoni" como diz o Manu, são essas pequenas coisas que eles se agarram da antiga dolce vita, quem tem sempre sido mais cosmopolita e menos dolce. São nostálgicos, ainde sentem saudades da lira (a moeda italiana, antes do euro), se expressam por gestos que valem mais do que palavras, são simpáticos e reclamões ao mesmo tempo...são orgulhosos das relíquias de outrora e meio entediados com o futuro nuvoloso. Não são católicos como parecem (muitos se surpreenderiam o quão céticos eles podem ser!), mas ainda não contra as mesquitas que aos poucos invadem a bota; fogem dos sotaques estrangeiros, porém se estão habituando as crianças neo italianas (aquelas que só receberão a cidadania italiana depois dos 18 anos, por terem pais imigrantes), afinal na terra dos velhinhos, elas são a atração, fora que falam italiano sem sotaque..são chinesinhas, indianas, hispánicas e eslavas..todas made in italy!

Imigração ilegal realmente é um inferno, mas estando de forma correta, se pode usufruir de alguns benefícios que nem sempre os italianos conseguem, por exemplo: recebem ajuda do governo por terem uma renda mais baixa, a probabilidade de conseguir bolsa nas universidades é bem maior, e conseguem mais facilmente casas populares. Não que tudo isso seja o máximo, mas existem italianos pobres também, porém, na prática, recebem menos benefícios, permanecendo na lista de espera, o que eu, sinceramente, não acho correto.. no entanto, muito provavelmente, se eu fosse italiana, teria que arcar com todas as despesas dos meus estudos, como 85% fazem .. mas de resto, quero sempre menas burocracia, por favor!!